Visualização cartográfica tridimensional em tempo real aplicada a navegação em dispositivos móveis
Publicado: 10/10/2019 - 17:44
Última modificação: 23/10/2019 - 15:17
O interesse em sistemas móveis de auxílio a navegação e guiagem tem crescido nos últimos anos ediferentes abordagens tecnológicas são encontradas na literatura para comunicar informações sobre rotas. Recentemente, a realidade aumentada em dispositivos móveis (RA) tem se destacado por ser uma tecnologia que permite a criação de elementos virtuais com alto grau de realismo sobrepostos às imagens capturada por câmeras. O uso destes sistemas na navegação exige que o usuário perceba e entenda asrelações espaciais entre feições reais e representadas de forma segura. Para navegar com sucesso, aspessoas planejam seus movimentos usando o conhecimento espacial adquirido sobre o meio ambiente earmazenado em um mapa mental representativo da área, utilizando pontos de referência em diversasescalas. A partir da distribuição destes pontos diversos tipos de conhecimentos e ações são desenvolvidoscomo a auto-orientação, a autolocalização, a estimativa de distâncias e posições relativas. Estas sãoconstruídas a partir da relação estabelecida entre objetos e feições distribuídos no espaço, e que tem características que os distinguem do seu entorno. Esta correlação impacta na organização destas mesmasfeições no mapa cognitivo do usuário. Neste processo, inicialmente, poucas feições são destacadas pelo sistema visual humano e rapidamente processadas em relação às suas características topológicas essenciais para servirem como pontos de referência (landmarks). As feições que se destacam o fazem através da saliência visual em relação ao seu entorno. Caduff e Timpf (2008, citado em Quesnot, T., e Roche, 2015)dividiram a saliência visual das feições a serem tomadas como marcos de referência em três classes: saliência perceptiva, saliência cognitiva e saliência de contexto. O problema de pesquisa elaborado para este projeto de pesquisa é que os sistemas de navegação baseiam-se na triade posicionamento por gnss,rotas definidas em algoritmos de roteamento e representação por linhas ou setas de forma contínua e que,segundo Schmidt e Delazari (2010 e 2013), dificultam o aprendizado da rota. Estes autores encontraram evidências que ao se preocupar em seguir a linha representativa da rota, os usuários tendem a chegar maisrápido ao destino sem, entretanto, aprender o caminho. Ao contrário, os usuários que fazem rotas livresconseguem descrever o caminho com maior precisão e podem elencar diversas feições existentes. Portanto,esta pesquisa adota a hipótese de que uma simbologia específica para a comunicação de informaçõestridimensionais com uso das variáveis visuais (posição, forma, tom e valor de cor) da cartografia temáticamelhorará a saliência visual de algumas feições que podem ser utilizadas para servirem como pontos de referência. Estes pontos podem então ser selecionados consciente ou inconscientemente pelos usuários e agregados ao mapa cognitivo da área. Em um segundo momento a organização destes pontos em rotas permitirá aos usuários apreender sobre o espaço percorrido de forma mais adequada que aqueles que percorrem o caminho seguindo as soluções convencionais de navegação e guiagem desenvolvidas nos últimos anos. Esta pesquisa utiliza uma metodologia de testes qualitativos aplicada por Schmidt (2012) que se baseia em testes qualitativos, através de questionários, desenhos de croquis e do protocolo Think Aloud. Os resultados dos testes evidenciarão como este tipo de simbologia é percebido e como a distribuição espacial dos símbolos é armazenada no mapa cognitivo do usuário e propiciarão embasamento científico na construção de representações cartográficas virtuais mais eficazes para navegação e guiagem em dispositivos móveis.